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Release
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Encontro de Mariana Baltar e do conjunto Água de Moringa com a obra de Aldir Blanc tem coragem, rigor e três músicas inéditas
Luiz Fernando Vianna

Foi em julho de 2014 que Mariana Baltar me escreveu o primeiro e-mail sobre o que ela passaria a chamar de Projeto Aldir. É em julho de 2019 que escrevo este texto sobre “Os Arcos – Paixão e Morte”, CD (e também álbum digital, disponível nas plataformas) que concretiza o plano anunciado há cinco anos.

Seria compreensível que tanto tempo levasse a realização de um filme, não de um disco. Mas, nos dias brasileiros de hoje, a produção irrepreensível de um trabalho musical idem costuma ser longa e sofrida.

O amor de Mariana pela obra de Aldir Blanc não era passageiro, e ela não desistiu. Nunca percebi, em todos os e-mails recebidos, sinais de renúncia ao projeto. A cantora somou perseverança ao talento. Sem ambos, “Os Arcos – Paixão e Morte” não teria a qualidade que tem.
Prova maior de seu empenho foi a localização, feita ao lado de outros participantes do projeto, da música que dá título ao CD. Trata-se de uma suíte composta por João Bosco e Aldir em 1971, quando a parceria estava no início e o violonista ainda vivia em Ouro Preto.

A peça foi registrada em 1973 para o disco “João Bosco”, o primeiro de sua carreira. Ganhou arranjo suntuoso de Luiz Eça. Mas foi descartada pela gravadora RCA Victor porque durava nove minutos. Ocuparia quase um terço do LP.

Rildo Hora, diretor musical da RCA, preservou a fita de rolo por 43 anos. Graças ao zelo do maestro, redescobriu-se uma composição da qual os próprios autores pouco se lembravam. Se lançada em 1973, teria provocado impacto, pela originalidade de melodia, letra, arranjo e interpretação. A gravação reapareceu em 2016 e foi apresentada pela Rádio Batuta, onde eu trabalho.

De atmosfera sombria e difícil execução, “Os Arcos – Paixão e Morte” não intimidou Mariana. Seu registro é histórico, porque tira do ineditismo uma impressionante criação de uma das duplas de compositores mais importantes da música brasileira.

Mariana não esteve sozinha nessa caminhada. O conjunto Água de Moringa, sinônimo de excelência quando o assunto é choro e acompanhamento de cantores, sempre foi o parceiro perfeito. Ela tem estreita relação com o grupo, e o entrosamento é outro ingrediente fundamental do disco.

Josimar Carneiro (violão de sete cordas), Luiz Flavio Alcofra (violão), Jayme Vignoli (cavaquinho), Marcílio Lopes (bandolim), Rui Alvim (sopros) e André Boxexa (bateria e percussões) foram respeitosos com o repertório, mas também ousados. As introduções, como a de “Da África à Sapucaí”, acrescentam inesperadas camadas às canções. O sexteto ganhou o reforço luxuoso dos pianistas Carlos Fuchs (em “Oração perdida”) e Cristovão Bastos (em “Cara ou Coroa”, faixa da qual também é o arranjador).

Mariana poderia ter escolhido um caminho menos espinhoso, que seria o de gravar canções conhecidas de Aldir. Mesmo as três que podem ser postas nessa categoria não estão na lista de best-sellers do autor. Duas delas ainda têm um inconveniente: foram lançados pela insuperável Elis Regina. Ambas em discos ao vivo. “O Cavaleiro e os Moinhos” (melodia de João Bosco) é do histórico “Falso Brilhante” (expressão criada por Aldir, aliás), de 1976. E “Querelas do Brasil” (parceria com Maurício Tapajós), é de “Transversal do Tempo” (também verso de Aldir), de 1978. Este segundo show foi dirigido por Aldir e Maurício. Em entrevista à Rádio Jornal do Brasil naquele ano, a cantora disse que, se pudesse ser outra pessoa, gostaria de ser Aldir.

A terceira um pouco mais conhecida é “Plataforma”, presente no LP “Tiro de Misericórdia” (1977), de João Bosco, e que ganhou com o tempo o status de hino pela liberdade no carnaval (e não só nele). Diz a letra de Aldir: “Não põe corda no meu bloco / Nem vem com seu carro-chefe / Não dá ordem ao pessoal”.

Outra de João escolhida por Mariana, “Da África à Sapucaí”, é de um disco pouco lembrado e que se tornou mais fácil de ser encontrado no Japão do que no Brasil: “Cabeça de Nego”, de 1986.

Da parceria de Aldir com Guinga, ela foi buscar uma das mais belas composições: “Nem Cais, nem Barco”, lançada na voz de Leny Andrade em 1991.

“Alafim” também é do início da década de 1990, letra de louvação às nossas origens africanas feita para melodia de um Moacyr Luz ainda muito distante de se tornar uma figura popular.

“Oração Perdida” tinha sido gravada por Valéria Lobão e praticamente se impôs no repertório. Por sua beleza lancinante e por ser uma parceria de Aldir com dois integrantes do Água de Moringa: Jayme Vignoli e Luiz Flavio Alcofra.

Outro do conjunto, Josimar Carneiro, criou a melodia de “A cúmplice das noites”. A letra é de 1974 e foi descoberta casualmente por Aldir, que procurava “Os Arcos – Paixão e Morte”. É, portanto, mais um item de valor histórico do projeto de Mariana.

A terceira inédita é “Cara ou Coroa”, fruto da intensa produção do letrista com Cristovão Bastos nos anos 1990, a mesma época de “Resposta ao Tempo”, o grande sucesso da dupla.

O CD-álbum digital de Mariana Baltar e do Água de Moringa espelha as marcas da vida e da obra de Aldir Blanc: coragem, rigor, desprezo por facilidades, respeito à inteligência e à sensibilidade de quem escuta. O encontro entre cantora, conjunto e letrista demorou cinco anos para se concretizar, mas seu resultado é de uma beleza sem data de validade.

Luiz Fernando Vianna é autor de “Aldir Blanc – Resposta ao Tempo” (Casa da Palavra, 2013).

MARIANA BALTAR

Mariana Baltar é uma cantora que se dedica tanto à tradição do cancioneiro quanto ao repertório contemporâneo. Estreou em 2001 no projeto Gafieira Dance Brasil, criado por Paulo Moura e Cliff Korman. Integrou por 5 anos o Circuito da Lapa, no Centro Cultural Carioca, de onde foi fundadora.

Lançou em 2006 o 1º álbum Uma dama também quer se divertir (independente), sendo indicada ao Prêmio TIM 2007 na categoria “Revelação”. Seu 2º CD (Biscoito Fino – 2010) mistura o novo e preciosidades da música brasileira, como inéditas de Thiago Amud e regravações de Assis Valente e Wilson Moreira. Seu 3º trabalho – Tresvarios (Tratore – 2013) – celebra a parceria dos compositores Luiz Flavio Alcofra e Mauro Aguiar. O show de lançamento foi considerado pelo crítico belga Daniel Achedjian como um dos 10 melhores de 2013 do circuito Rio-São Paulo.

Em 2017, participou do álbum A paixão Segundo Catulo (Selo SESC), um tributo a Catulo da Paixão Cearense, ao lado de Joyce, Leila Pinheiro, Claudio Nucci, entre outros.

Em 2019, participa da gravação e do lançamento do álbum Espelho (Selo SESC), que reúne composições dos pianistas Cristovão Bastos e Maury Buchala, ao lado de Leila Pinheiro, Renato Braz e Áurea Martins, e lança o disco Os Arcos – Paixão e Morte em parceria com o grupo Água de Moringa.

ÁGUA DE MORINGA

O sexteto Água de Moringa, formado em 1989 a partir do encontro de estudantes numa prática de música de Câmara na Uni Rio, é um dos mais longevos grupos em atividade na cena instrumental brasileira. Tendo como filosofia o mesmo “espírito chorão” dos músicos do final do século XIX, que criaram nova linguagem e escola a partir da tentativa de tocar as músicas vindas da Europa, o conjunto construiu um perfil musical diferenciado e versátil através de um repertório que transita do choro a peças contemporâneas. A instrumentação tradicional pode assumir, assim, sonoridades surpreendentes a partir da concepção do seu time de músicos e arranjadores de reconhecido destaque no cenário da música brasileira.

Ao longo de sua trajetória, Água de Moringa lançou seis CDs e vem se apresentando em festivais de choro, bienais de música contemporânea, ao lado de orquestras e de artistas como Wilson Moreira, Dona Ivone Lara, Walter Alfaiate, Aldir Blanc, Miúcha, João Bosco, Moacyr Luz, entre outros.

Em 2019, comemora 30 anos de atividades com o lançamento de três álbuns: Água de Moringa 30 anos; Caderno Roubado, em parceria com o pianista e compositor Carlos Fuchs e Os Arcos – Paixão e Morte, em parceria com a cantora Mariana Baltar.

O Água de Moringa é formado por Rui Alvim (clarinete, clarone e saxofone), Marcilio Lopes (bandolim, violão tenor e bandocello), Jayme Vignoli (cavaquinho), Luiz Flavio Alcofra (violão e viola caipira), Josimar Carneiro (violão 7 cordas) e Andre Boxexa (bateria e percussão).